O imaginário sobre as Cruzadas ainda é tão forte que podemos ver sua influência viva até hoje em filmes como O Senhor dos Anéis (imagem acima) e séries como Game of Thrones.

Sala de Aula - História Medieval - Cruzadas

A HISTÓRIA DAS CRUZADAS

Marcos Emílio Ekman Faber

As Cruzadas foram expedições formadas pela Igreja Católica com o objetivo de conquistar a Terra Santa, especialmente a cidade de Jerusalém, que nesta época estava sob o controle muçulmano. Essas expedições ocorreram entre 1096 e 1270. Entre seus participantes estavam não somente milhares de cristãos devotos em busca da glória celestial, como também príncipes e reis europeus.

As Cruzadas receberam esse nome pelo simples motivo das expedições terem em suas bandeiras símbolos de cruz. Até mesmo as roupas tinham grandes cruzes vermelhas ou pretas estampadas. As espadas eram, na verdade, cruzes de ferro. Também os escudos e elmos tinham este símbolo. Que serviam não somente como identificação, mas como proteção espiritual aos cavaleiros.

Apesar dos objetivos religiosos, a realização das Cruzadas também atendia a outros interesses. Pois nesta época, os principais reinos europeus enfrentavam uma grave crise social, que era ocasionada pelo excesso de população sem terra. Lembrem-se de que, nesta época, somente o primogênito (filho mais velho) herdava o feudo. Assim, milhares de pessoas não tinham ocupação.

Devido a isso, surgiu uma nobreza sem terra que vivia da guerra e dos saques. Por outro lado, os pobres, igualmente sem terra, tornavam-se criminosos, pois não tinham de onde tirar seu sustento. Assim, a realização das Cruzadas também atendia a interesses políticos e econômicos, pois ao conquistar novas regiões, novos feudos seriam criados. Resolvendo, ao menos em parte, o problema social que assolava à Europa.

Mas havia ainda outro grupo interessado nestas expedições: os mercadores, especialmente genoveses e venezianos, que desejavam ampliar seu comércio com o Oriente. Esses mercadores buscavam ter o acesso às especiarias (cravo, canela, pimenta, noz-moscada e seda) facilitado.

Com tudo isso em jogo, no ano de 1096, o papa Urbano II convocou a Primeira Cruzada. Essa primeira expedição não contou com a participação de reis, mas mesmo assim venceu os turcos e conquistou Jerusalém em 1099.

A mais famosa das expedições foi a terceira Cruzada, chamada de “Cruzada dos Reis”. Dela participaram: Ricardo Coração de Leão, rei da Inglaterra, Felipe Augusto, rei da França, e Frederico Barbaroxa, imperador do Sacro Império. Esta Cruzada terminou com um acordo de paz entre Ricardo Coração de Leão e Saladino, sultão turco. O acordo determinou que Jerusalém fosse mantida sob o controle turco, mas os cristãos teriam permissão para realizarem peregrinações religiosas na região.

O filme Cruzada (Kingdom of Heaven, EUA, 2005) de Ridley Scott, com Orlando Bloom, Liam Nelson e Eva Green, retrata a realização de uma cruzada. O filme, uma superprodução de Hollywood, conta com excelentes figurinos e cenários bastante realísticos. As cenas de batalhas são fantásticas. Mas o diretor Ridley Scott nos apresenta um protagonista que destoa da forma como um cavaleiro cruzado pensava e agia. O ferreiro, interpretado por Orlando Bloom, representa muito mais um homem de nossos dias do que um cavaleiro cruzado.

Mas se esta é uma falha do filme, também é aquilo que nos aproxima da história. Pois, o ferreiro (que se torna cavaleiro) é o nosso representante dentro do filme. Suas dúvidas e sua visão de mundo, que não entende a realidade em que está inserido, são as mesmas nossas quando estudamos este período.

Por fim, em 1270, foi realizada a oitava e última Cruzada. Essa expedição foi um fracasso total, os cristãos foram expulsos da região, que ficou novamente em poder dos turcos.

Mas mesmo que não tenham alcançado seus objetivos iniciais, as Cruzadas resolveram o problema habitacional, pois milhares de pessoas, em sua maioria pobres, foram mortas durante os conflitos. Outra consequência importante das expedições foi a abertura do mercado árabe ao Ocidente. Mercadores, principalmente italianos, tiveram seu acesso ao Levante (Oriente) facilitado pelas Cruzadas, proporcionando a esses mercadores comercializarem produtos orientais por toda a Europa.

O renascimento comercial, proporcionado pelo contato entre mercadores italianos e árabes, possibilitou o renascimento urbano, num êxodo em direção às cidades (onde havia fartura). Assim, se as Cruzadas foram criadas para salvar o sistema feudal, na prática significaram o início do seu fim.


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