Este
final de semana, assisti novamente o filme Reds
(EUA, 1981) de Warren Beatty. Quem não
viu, precisa ver. O filme não é
somente uma aula de história, mas também
de cinema – concorreu a 12 Oscar (venceu 3,
incluindo melhor diretor a Beatty). O roteiro
e a fotografia são fantásticos.
Diane Keaton e Jack Nicolson estão impagáveis.
Reds conta a história de John Reed (Warren
Beatty) jornalista e ativista socialista norte-americano
que realizou a cobertura da I Guerra Mundial
(1914-1918) e da Revolução Russa
de 1917. O nome do filme é uma referência
ao sobrenome do protagonista, mas também
uma referência aos comunistas “vermelhos”.
Foi John Reed quem escreveu um dos mais importantes
relatos sobre a Revolução Russa,
seu livro Dez Dias que Abalaram o Mundo virou
best seller assim que lançado e é
até hoje referência sobre o período.
Reed (1887-1920) era fruto de sua época.
O final do século XIX e o início
do século XX foram prodigiosos no surgimento
de ideologias que defendiam a transformação
do mundo. Foi esta a Era em que surgiram os
primeiros movimentos internacionalistas que
defendiam a quebra de antigos paradigmas e que
pregavam o fim das barreiras nacionais, afinal
o gênero humano é somente um.
Mas, contraditoriamente, esta também
foi a Era que propagou a intolerância
racial – se colonizava com justificativas racistas,
utilizando-se até a ciência para
isso – e foi, igualmente, a Era das duas grandes
Guerras Mundiais.
Uma das tantas ideologias nascidas no período
foi o movimento internacionalista. Os defensores
destes ideais acreditavam que as barreiras nacionais
deveriam deixar de existir e que todos os seres
humanos eram iguais. O movimento internacionalista
teve grande penetração em partidos
e associações socialistas e anarquistas.
Mas não somente nestes lugares.
Foi neste mesmo contexto que, em 1909, foi fundado
em Porto Alegre um clube esportivo que tinha
por objetivo principal congregar pessoas independentemente
de sua cor, crença ou nacionalidade.
O SC Internacional nasceu, como sugere o nome,
como um clube internacionalista, ou seja, que
enxergava um mundo sem fronteiras, onde todos
eram iguais.
Mas, voltando ao filme. John Reed, um internacionalista,
adepto dos ideais da Internacional Comunista,
acreditava num mundo sem fronteiras nacionais,
onde todos os seres humanos eram parte de uma
só raça, a raça humana.
John Reed era defensor do socialismo marxista,
pois acredita que o socialismo era a única
alternativa capaz de transformar o mundo num
lugar melhor, mais igual e mais livre.
Mas, aquilo que se presenciou na Rússia,
após a Revolução, foi o
contrário disso. Pois na URSS foi criado
um mundo opressor, que coibia as liberdades
individuais em favor de uma suposta libertação
do coletivo, este representado pelo Estado soviético.
Como sabemos pelo “andar da carruagem”, principalmente
após a morte de Lenin e a ascensão
de Stálin, o regime soviético
se tornou numa grande e severa ditadura. As
liberdades individuais foram suprimidas e a
igualdade deu lugar a uma máquina estatal
extremamente burocrática e hierarquizada.
Mesmo com seus ideais frustrados, Reed marcou
seu tempo. Lutou contra o capitalismo mesmo
estando no seio da nação que viria
a se transformar na maior das potências
capitalistas do século XX, os Estados
Unidos.
Jamais desistindo de seus ideais. John Reed
morreu em Moscou em 1920 sem presenciar a morte
de Lenin e a ascensão de Stálin,
bom pra ele, péssimo para os russos.
Assim como John Reed sonhava com um mundo vermelho
(red), um mundo transformado pelo socialismo
e sem barreiras nacionais, o SC Internacional
sonha com o título do bicampeonato mundial
e, assim, transformar o mundo em vermelho outra
vez. Se os reds russos não tiveram sucesso,
os reds colorados poderão ter.